O Cyberpunk e o Capitalismo
- Roniel
- 20 de fev. de 2018
- 3 min de leitura
Seria o estiloso subgênero do Sci-fi uma visão sórdida do Futuro que nos espera com nosso atual sistema sócio-econômico?

Akira e Ghost in The Shell são obras aclamadas não só no universo dos Animes como também no universo da ficção científica como um todo, em especial do subgênero Cyber Punk.
As histórias mostram um mundo futurístico onde a integração homem-máquina é cada vez maior, a tecnologia toma cada vez mais conta das ruas e As Cidades crescem exponencialmente.
Para desenvolver minha mais nova história de ficção, Noturna Artificial, fui atrás de pesquisar sobre o subgênero e pegar influências de suas maiores obras.
Após uma minuciosa análise, alguns pontos se mostraram em comum ao subgênero Cyber Punk. Eis Aqui eles:
• Domínio de marcas;
• Marginalização;
• Urbanização exagerada;
• Forte presença policial;
• Abordagem única futurística/tecnológica.
Pararam pra pensar no que há em comum em todos eles? Todos são efeitos e condições do Capitalismo.
Seria então o Cyber Punk uma visão negativa do futuro do capitalismo? Vejamos:
Urbanização Exagerada:

Quando o espaço do mundo pareceu que tinha acabado, crescemos em direção ao céu. E assim surgiram as Metrópoles e Megalópoles. Esse cenário é uma das marcas registradas do gênero cyberpunk e também uma consequência clara do nosso desenvolvimento enquanto sociedade.
O cenário urbano é onde estão concentrados os meios de produção atuais, assim como a grande parte da força de trabalho operante. É nelas que estão as grandes empresas multinacionais e, quem sabe futuramente, as verdadeiras corporações ostentadoras de fortunas e recursos.
Abordagem única futurística/tecnológica:

Olá, seja bem vindo. Nós estamos em uma era especial da humanidade. A era do crescimento exponencial da tecnologia.
E pensar que apenas algumas décadas atrás inventos eram projetados e lançados na expectativa de serem revolucionários e durarem pra sempre.
Hoje a expectativa de vida de uma novidade é, na melhor das hipóteses, o ano seguinte.
E é por causa desse ritmo claramente influenciado pela ânsia do consumismo e apoiado pelos vários lotes de investimento ao redor do planeta que a integração tecno/cyber proposta pelo subgênero se faz totalmente plausível.
Domínio de marcas:

Isso já acontece nos dias atuais, mas nos cenários cyberpunk é bem mais gritante. Basta observar uma ilustração que represente o período aqui citado e se dar conta da teia de aranha formada por letreiros e logomarcas.
Com o crescimento da população (acompanhado de perto do crescimento das cidades, já citado) todos querem seu lugar ao Sol.
Todos precisam dar um jeito de fazer dinheiro.
O empreendedorismo já é um pensamento bastante defendido e impulsionado em dias atuais. Seria então a era cyberpunk o seu auge?
Marginalização:

O fenômeno já é uma realidade. A desequilibrada distribuição de renda e os altos impostos decorrentes da globalização impulsionam ainda mais para baixo os menos favorecidos.
Nas histórias Cyberpunk a marginalização é marcada pela forte existência de gangs, guetos e um sistema claramente opressor ao qual se vale a pena enfrentar.
O último citado pode até não se concretizar no futuro, mas há sempre que se observar os caminhos pelos quais estamos trilhando para não podermos voltar às mesmas estações erradas do passado.
Forte presença policial:

Vem acompanhado do fenômeno anterior. É uma reação por parte do sistema de pôr ordem em suas ordens.
A polícia cyberpunk é extremamente opressora e cumpre ordens ao pé da letra. Bate de frente com aqueles que não aceitam a ordem vigente.
É sempre bom, para os interessados da Máquina, que as engrenagens permaneçam onde estão e não haja nenhuma “quebra” do sistema.
Observada tal reflexão, fica agora ao seu parecer, leitor, se tal análise é uma espécie de “aviso” ou prenúncio pessimista, ou se é apenas mais uma história de ficção científica qualquer.
Vale lembrar que, pelas notáveis obras que já temos do gênero, a era cyberpunk parece não estar tão longe quanto pensamos.
O aguardado game da desenvolvedora CD Projekt RED, “Cyberpunk 2077”, se passa no ano de 2077 (jura?). “Blade Runner” (o filme do ano passado) já é um pouco mais precoce e diz que será em 2049. “Ghost in The Shell” já traz essa realidade para anos por volta de 2029...
Estaríamos tão perto assim? Estaríamos preparados?
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